21/10/2015

Danças Indígenas do Acre

MARIRI “ A DANÇA DO POVO INDÍGENA DO ACRE” Assim como a música, cocar e as pinturas são símbolos de identidade e conexão eterna com o criador a dança também faz parte desta identidade. A dança nasce com as culturas indígenas como algo que faz parte do seu ser do seu espirito “yuxibu”, do seu cotidiano, de todas as suas festas. No Acre temos entre 16 a 20 povos indígenas distribuídos em dois troncos linguísticos, falo entre, por que de uns anos para cá, novos povos foram descobertos e estão em processo de estudos. Vou descrever um pouco da dança do povo yawanawa, rio Gregório – Acre. O Povo da Queixada, os Yawanawa quando se preparam para as suas festas se vestem com os desenhos dos kenes mirados no ritual do huni, bebida sagrada, são feitos com a tinta do genipapo, fruta da floresta, tinta extraída de maneira ritualística, as mulheres pintam um dia antes, no dia seguinte os kenes estão fixos ai é o momento de utilizar a tinta do urucum de tom vermelho, passam em todo o corpo, põem a saia de envira de vixu, os cocares maity com penas coloridas, cada mayti tem um significado o cacique usa um mayti de pena de Gavião real a maior ave da Amazônia, assim estão prontos para a grande festa. As músicas são diversas com letras e sons diferentes, em roda no meio de um grande terreiro as vozes ecoam na floresta a dentro, os pés descalços batem na terra, pé direito na frente e o esquerdo quase que arrasta no chão, o mariri é mais que uma dança é um ritual, onde os dançarinos bêbados de huni ou caiçuma dependendo do sentido da festa os mais velho são responsáveis em corrigir se realmente o som da voz está saindo certo os passos do mariri. São também observados os pisados das danças das mulheres, os balançados dos homens, a formação de cada entorno do shawe. As músicas e as danças são repetidas diversas vezes pelos cantores até os mais jovens aprenderem. O ritmo do mariri depende muito da musica cantada, Durante a festa, existem as músicas que falam dos animais da floresta, seu movimento, sua convivência, suas características, suas brincadeiras, sua voz, seus gritos e seus passos. Quando se canta essas músicas, geralmente a festa fica com força e todos com muita vontade de cantar e dançar. A referência está nos animais como garça, veado, onça, queixada, paca, macaco preto, guariba, sôim, anta, macaco-prego, cutia e o porquinho. A música traz mais dinamismo a quem está dançando. Música da água e do fogo Quando a festa está bem animada e todos estão com bastante calor inicia-se a música chamando a água. Alguém do grupo pega uma boa quantidade de água e sai jogando em cima de quem está dançando. Em seguida, quem está dançando começa a chamar o fogo, as mulheres se juntam, ascendem montões de palha e saem levando perto de quem está dançando. Quando os homens começam a insultar as mulheres para apagar o fogo, elas começam a queimá-los em suas pernas. Em uma noite de mariri junta-se tudo, todas as brincadeiras viram dança, tudo é dança, tudo é cena, tudo é dramaturgia e é vida real. Por: Regina Maciel Atriz, bailarina e pesquisadora. Fotos: Edicley Araujo  Não permitido a utilização do texto e das fotos sem autorização dos autores!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreva, Pergunte, reflita, comete e critique!